Torcedores cariocas apostam em palpites esportivos com tokens em dias de clássico
Nos bairros do Rio de Janeiro, os dias de clássico entre Flamengo e Fluminense ganharam uma nova dimensão: os gritos nas arquibancadas agora dividem espaço com notificações de tokens nos celulares. A evolução do mercado de apostas esportivas, impulsionada por tecnologias como a cripto, tem feito com que muitos torcedores busquem não apenas o espetáculo, mas também uma chance de faturar.
A regulamentação que mudou o jogo
O Brasil deu um passo decisivo em 1º de janeiro de 2025 ao oficializar o mercado de apostas esportivas de quota fixa, sob a Lei 14.790/2023, regulamentada pelo Ministério da Fazenda. Embora o marco legal proíba pagamentos com cartão de crédito ou criptomoedas, o dinamismo do ecossistema digital segue em alta. Enquanto o sistema Pix domina as transações obrigatórias para operadores autorizados, muitos apostadores aproveitam a flexibilidade dos tokens digitais em plataformas independentes ou no mercado informal.
Tokens como Bitcoin (BTC) ou projetos voltados ao esporte, como Chiliz (CHZ), são cada vez mais usados para adquirir os chamados fan tokens. Esses ativos são adotados por comunidades fanáticas como forma dinâmica e social de participar das apostas. Além de apostar, o torcedor pode interagir com enquetes e decisões do clube.
Clássico, emoção e tokens: uma combinação explosiva
Nos botecos e praças de bairros cariocas, é comum ver grupos discutindo escalações, estratégias e comemorando cada gol enquanto acompanham o valor de seus tokens em tempo real. “Estou numa aposta combinada sobre quem faz o primeiro gol e quantos escanteios vão acontecer. Acompanho tudo pelo celular com meus tokens”, relata Gabriel, torcedor do Flamengo.
Os tokens esportivos oferecem uma experiência mais imersiva. Alguns torcedores os usam como forma de pagamento nas apostas, acompanham o jogo e recebem os resultados direto na carteira digital após o apito final. Essa modalidade popularizada por plataformas de GambleFi tem ganhado tração: o mercado de tokens ligados a jogos descentralizados já movimenta centenas de milhões de dólares.
Além disso, iniciativas como a da Chiliz permitem que torcedores influenciem pequenas decisões do clube, tornando o ato de apostar uma forma de fandom ativo. O valor desses tokens oscila conforme o desempenho dos times: uma vitória pode gerar valorização, enquanto uma derrota pode impactar negativamente os ativos.
Entre a adrenalina e o risco
Nem tudo é festa. O lado menos glamouroso dessa tendência aparece em relatos de torcedores que perderam tudo o que apostaram e, em alguns casos, recorreram a empréstimos ou se endividaram. O crescimento das apostas digitais tem contribuído para o aumento de problemas relacionados à dependência, especialmente entre jovens de baixa renda.
Com o aumento da demanda, o número de empresas atuando no setor disparou. Em três anos, o Brasil passou de dezenas para centenas de operadoras de apostas. Isso acende um alerta para os órgãos reguladores.
Para tentar conter abusos, o governo bloqueou milhares de sites ilegais, proibiu o uso de cartões de crédito e aumentou a carga tributária. Ainda assim, criptoativos e tokens operam em uma zona cinzenta da regulamentação, dificultando o monitoramento e a tributação adequada.
Por que os clássicos atraem tantos apostadores?
O componente emocional dos grandes jogos é chave: vencer um clássico representa mais do que uma conquista esportiva é também uma vitória simbólica. Isso motiva os torcedores a apostar em detalhes: placar exato, primeiro gol, cartões, número de escanteios… tudo vira possibilidade de ganho.
Além disso, o ritmo acelerado e os picos de acesso às plataformas fazem dos clássicos um ambiente ideal para apostas em tempo real. Uma jogada decisiva pode, literalmente, mudar o valor de um token em segundos.
Expectativas para 2026
Com dezenas de licenças já concedidas e a presença de plataformas internacionais como Bet365, Betsson e Betfair, o mercado brasileiro se consolida como um dos mais promissores. Aquisições de operadores locais por gigantes internacionais estão em curso, com fusões previstas ainda para este ano.
Até 2026, espera-se que a integração entre tokens esportivos e plataformas autorizadas de apostas seja mais ampla. A entrada da moeda digital do Banco Central (Drex) pode acelerar essa transição, promovendo pagamentos digitais legalizados com respaldo regulatório.
Entretanto, ainda há desafios: garantir a proteção do apostador, prevenir lavagem de dinheiro, limitar publicidade excessiva e disponibilizar ferramentas de controle para usuários com comportamento compulsivo.
A nova era do torcedor digital
Os clássicos cariocas entraram em uma nova era. Agora, são também experiências digitais em que tokens e paixão caminham lado a lado. Apostas tokenizadas e modelos tradicionais convivem em um cenário onde emoção, inovação e risco estão entrelaçados.
A cripto assume um papel protagonista, sendo meio de pagamento rápido e acessível para quem quer mais do que torcer quer sentir o jogo pulsando na palma da mão. Essa nova relação entre torcedor, tecnologia e futebol transforma o estádio em um campo também de oportunidades digitais. E como todo jogo, exige equilíbrio entre emoção e responsabilidade.







