Especialista em neurologia e psiquiatria clínica, o médico também é autor do livro “Quando o Sucesso Vira Burnout”
De acordo com um levantamento da International Stress Management Association (Isma), o Brasil é o segundo país no mundo com mais casos da Síndrome de Burnout, também chamada de Síndrome do Esgotamento Profissional. Recentemente, esse distúrbio foi incluso pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista de doenças laborais, pois surge no ambiente de trabalho e afeta profissionais que atuam sob pressão. Sendo assim, no mundo do esporte não seria diferente.
O médico José Fernandes Vilas, especialista em neurologia e psiquiatria clínica, explica que atletas têm um desgaste físico intenso por causa dos treinos. Posteriormente, esse desgaste atinge também a mente. O doutor afirma que os indícios e sintomas das síndromes em cada caso são os mesmos; porém, no esporte, a alta performance física adoece e nos outros ambientes profissionais, é cura e prevenção.
“O overtraining é um termo utilizado dentro do esporte, no qual o atleta de alta performance, se não descansa, não tem uma alimentação adequada, uma boa saúde mental e base psicológica, essa dedicação extrema ao esporte faz com que o atleta entre no mesmo quadro do burnout. O esporte é uma atividade laboral que trabalha com o físico. Estamos trocando apenas os ambientes”, afirmou o doutor.
“No burnout, um dos remédios é o exercício físico. Já no overtraining (burnout em atletas de alta performance) é a ausência dele que faz a pessoa melhorar, pois a profissão dele já é baseada na atividade física. Então, o cérebro dele não irá encarar isso como uma atividade de prazer, mas sim, laboral, que gera desgaste e exaustão no atleta”, completou.
Atletas como Flávia Saraiva e Gabriel Medina já sofreram com burnout. O tratamento para a síndrome entre atletas e não-atletas é semelhante, mas com uma diferença específica. Enquanto a atividade física funciona em quem não pratica esporte profissionalmente, com esportistas é justamente o contrário, por ser o seu trabalho.
“A síndrome acontece quando um trabalhador se dedica, vai se entregando e à medida que se dedica para bater suas metas, ele gasta energia, tendo que repor. Quando ele dá o melhor de si, e não repõe suas energias, pode levar ao burnout, que se caracteriza por exaustão física e mental, ausência de pertencimento ao local de trabalho e frieza no trato em relação às demandas de trabalho”, completou.
Alguns dos sinais para estar em observação tanto em casos suspeitos de burnout, como de overtraining são: irritabilidade, lapsos de memória, indisposição, falta de produtividade e sono irregular.
“O exagero é o caminho para o adoecimento. A cura está no equilíbrio do que se faz no dia a dia no trabalho quanto na vida pessoal” acrescenta o médico José Fernandes Vilas.